O consumo de sal de cozinha, conhecido tecnicamente como cloreto de sódio, é fundamental para o correto funcionamento dos organismos de pessoas e de animais. O sal é responsável pelo controle de entrada e saída de substâncias e de água do interior das células, mantendo assim o balanço de nutrientes e de água em nossos corpos. Isso é conseguido com uma ingestão de 6 a 8 gramas de sal todos os dias.
Se consumido na quantidade ideal, o sal aumenta os chamados “movimentos peristálticos” dos intestinos, melhora a digestão, auxilia no funcionamento dos rins e na produção de energia. O sal também auxilia o organismo na reposição do sódio perdido junto com o suor. O consumo excessivo de sal, ao contrário, causa uma série de problemas: o organismo passa a reter grandes quantidades de líquidos, o que provoca o aumento da pressão arterial. Também prejudica o funcionamento dos rins e causa interferências na absorção de cálcio e de nutrientes pelo organismo. Em resumo: quando o assunto é o sal, vale aquele antigo ditado – nem tanto ao mar, nem tanto à terra: tem de se achar um ponto de equilíbrio.
Muitos de vocês que leem esse texto, seja por razões de saúde seja por conta de algum regime para perder peso, deve ter recebido instruções médicas para reduzir ou moderar o consumo de diário de sal que ingere nos alimentos; quando se tem a liberdade de controlar livremente o consumo de sal, sua saúde sempre irá agradecer. Muita gente, ao contrário, até que gostaria de ter esta liberdade de escolha, mas as condições em que vivem não lhes permite qualquer outra opção – estou falando de dezenas de milhares de moradores de regiões lindeiras do baixo curso do Rio São Francisco, na divisa entre os Estados de Alagoas e de Sergipe. Vamos entender melhor isso:
No último post falamos dos problemas enfrentados pela região da foz do Rio São Francisco onde, em função da intensiva redução do volume dos caudais provocado pelo represamento das águas nas barragens das hidrelétricas – em especial Sobradinho e Xingó, as águas do mar estão avançando dezenas de quilômetros terra a dentro. Um sintoma visível dessa salinização das águas do baixo Rio São Francisco são os relatos cada vez mais frequentes, feitos por ribeirinhos e pescadores, que tratam do avistamento e captura de tubarões em trechos do Rio cada vez mais distantes da foz. A alta salinidade da água que permite a sobrevivência de tubarões, é fatal para os seres humanos. A água doce ou potável que todos nós consumimos diariamente é aquela que apresenta uma concentração máxima de sal de 0,5 gramas por litro – já a água salgada ou dos oceanos, apresenta níveis de concentração de sal superiores a 30 gramas por litro; as águas que apresentam níveis de sal intermediários, acima de 0,5 gramas/litro e abaixo de 30 gramas / litro, são chamadas de águas salobras, justamente a classificação em que se encontram as águas do Rio São Francisco em trechos próximos da foz. O consumo de água salobra pelos habitantes da região tem afetado a saúde de muita gente.
No povoado de Potengy, que pertence ao município de Piaçabuçu em Alagoas, temos um exemplo desses problemas: pesquisa realizada por agentes de saúde da comunidade constatou que houve um aumento de 36% no número de moradores hipertensos acompanhados pelas autoridades de saúde. A água captada pela empresa de abastecimento local é retirada diretamente do Rio São Francisco e os processos de tratamento utilizados não conseguem retirar o excesso de sal da água – esse mesmo problema afeta dezenas de cidades nas margens do baixo Rio São Francisco. Para conseguir água fresca, muitos moradores do povoado são obrigados a se deslocar por 7 quilômetros para retirar água de uma cacimba (espécie de poço aberto no solo). A salinidade das águas do Rio São Francisco está afetando gradativamente os aquíferos locais, que produzem água cada vez mais salobra.
Até uma das atividades femininas mais típicas das mulheres ribeirinhas da região – a lavagem de roupas nas águas do Rio, cada vez mais é uma coisa do passado: as roupas ficam mal-lavadas e o sal estraga os tecidos, dizem elas. Para os moradores locais, é cada vez mais revoltante ver águas tão importantes se tornando cada vez mais “imprestáveis” para os usos mais comuns do seu dia a dia.
No próximo post vamos falar dos problemas da salinidade das águas usadas em atividades agrícolas.
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[…] o enfraquecido rio São Francisco sofre diariamente com a intrusão de água salina em seu canal – moradores da cidade de Piaçabuçu, próxima da foz do rio, recebem água salobra […]
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[…] as populações que sempre encontraram uma fonte confiável de abastecimento, agora só dispõe de água salobra. Mesmo em localidades onde existem sistemas de tratamento, o problema persiste – sistemas […]
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[…] A vazão média histórica das águas do Rio São Francisco na foz no Oceano Atlântico era de 2.943 metros cúbicos por segundo, o que assegurava ao rio uma extraordinária energia para empurrar e manter as águas salgadas do mar distantes da calha do Velho Chico. As sucessivas agressões ambientais, ao longo de séculos de ocupação das margens de todos os rios que formam a bacia hidrográfica, tiveram como consequência uma redução gradual dos caudais, o que gradativamente se refletiu na redução do volume e na energia das águas que chegam na foz do Rio. Em anos recentes, em função da forte seca que assolou várias regiões do Brasil, a vazão média do rio chegou a cair para 600 metros cúbicos por segundo devido ao controle de vazão das usinas hidrelétricas. Ao longo de todo o século XX, especialmente devido à construção de diversas barragens de usinas hidrelétricas, a redução dos caudais aumentou significativamente, tornando ainda mais crítica a luta das águas do Velho Chico contra o avanço contínuo das águas do mar. […]
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[…] baixo curso do São Francisco, a redução progressiva dos caudais tem facilitado a intrusão de água salgada do mar, o que tem prejudicado o abastecimento de inúmeras cidades e inviabilizado o uso da água […]
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[…] Chico, deixando-o cada vez mais vulnerável ao avanço das águas do mar terras a dentro. Hoje, a salinização das águas do Baixo São Francisco é um dos maiores problemas regionais, afetando desde a pesca e a agricultura até a saúde das […]
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[…] profundos impactos biológicos nessa região de limite entre os Estados de Alagoas e Sergipe. A salinização das águas do rio está provocando uma intensa colonização de um longo trecho nas proximidades da foz por espécies […]
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[…] Brasil, o que comentamos em diversas postagens: a redução dos caudais do rio São Francisco e a invasão da água do mar em sua foz. Assim como ocorre no rio Mekong, a calha do rio São Francisco foi tomada por uma sucessão de […]
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[…] é um problema que está afetando a região de foz de muitos rios brasileiros a exemplo do rio São Francisco. Além de comprometer a qualidade das águas dos rios, essa salinidade também pode infiltrar nos […]
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[…] outro problema importante a ser considerado é a intrusão de águas salina na região do baixo curso do rio Sergipe. Nas regiões de foz dos rios junto ao mar existe um […]
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[…] SERGIPE, O “RIO DOS… em A SALINIZAÇÃO DAS ÁGUAS DO BAI… […]
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[…] Com a redução dos caudais do rio São Francisco, a intrusão de águas do Oceano Atlântico na sua calha é cada vez maior e seus efeitos já podem ser sentidos a dezenas de quilômetros da foz. Diversas cidades e pequenos povoados da região que captavam as águas do rio para o abastecimento de suas populações estão sofrendo com os altos níveis de salinização das águas. […]
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